Vício é sintoma de trauma profundo, diz especialista em dependência

O debate sobre se é desejável criar uma nova categoria de doença para descrever o problema não é novo. O próprio vício em videogames já foi candidato a entrar como transtorno nos manuais, numa discussão que não teve consenso. Enquanto OMS adotou a definição, a comissão de psiquiatras que elabora o DSM não a incorporou.

O primeiro passo é reconhecer que se tem um problema e estar disposto a buscar ajuda. Em seguida, é importante procurar profissionais especializados no tratamento do vício, como médicos e psicólogos, que poderão orientar sobre as melhores opções de tratamento. Embora a neurociência do vício seja fascinante, é importante lembrar que nem todas as pessoas são igualmente suscetíveis a desenvolver dependências. Fatores genéticos, ambientais e individuais desempenham um papel crucial nesse processo. Algumas pessoas podem ter uma predisposição genética para o vício, enquanto outras podem ser influenciadas pelo ambiente em que vivem. As drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas, têm um impacto significativo em nosso cérebro.

Como funciona o cérebro de um viciado em cocaína

Como é a mente de um viciado em drogas?

Sei que é possível, porque minha trajetória, meus 20 anos de Harvard, mais de 140 artigos publicados e todos os pacientes são prova disso. Abrir mão de agradar todo mundo para honrar quem você realmente é. É encarar uma transição de carreira aos 40 ou começar a terapia aos 60. Debater abertamente ajuda a superar o preconceito e dá suporte a quem precisa.

Seja por prejuízos no trabalho, nas relações interpessoais, na relação familiar, em suas atividades de rotina, o vício começa a corroer cada espaço da vida e logo se torna o objetivo principal. Além dos danos psicológicos e sociais por conta do vício, ainda há seu efeito no organismo. O álcool ainda é a droga mais consumida no mundo todo, no Brasil a quarta etapa da Pesquisa Nacional de Saúde constatou que, em 2019, 26,4% das pessoas maiores de idade beberam pelo menos uma vez por semana. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), um vício é uma doença física e psicológica que cria dependência em relação a uma substância, atividade ou relação. Para Rohde, a criação de novas categorias pode atrapalhar na compreensão do problema, em vez de ajudar.

Sabe-se que essas áreas desempenham um papel fundamental nas propriedades recompensadoras de quase todas as drogas de abuso. Um dos aspectos focados na pesquisa em neurobiologia do vício é o mecanismo dos efeitos recompensadores das drogas. Todos os tipos de vício afetam o nosso corpo, um mais do que os outros, como por exemplo o vício em drogas, pois ela traz uma alta carga de substâncias no corpo, acaba por gerar efeitos adversos. Muitos desses problemas podem ser revertidos ou minimizados ao abandonar o vício, mas pode haver alguns problemas de saúde e emocionais que, de todo modo, irão persistir ao longo do tempo.

O vício em crack é uma condição que afeta não apenas o corpo físico, mas também a mente dos indivíduos que sofrem com essa dependência. A mente de um usuário de crack é uma paisagem complexa, marcada por uma variedade de desafios emocionais, cognitivos e psicológicos. Neste artigo, vamos explorar como é a mente de um usuário de crack, examinando os efeitos da droga no cérebro, os padrões de pensamento associados ao vício e os desafios mentais enfrentados por aqueles que lutam para se libertar dessa dependência. O tratamento aos familiares envolve acompanhamento psicológico e, se necessário, medicações. A terapia, inclusive feita em conjunto pela família, é um dos dispositivos para entender as dinâmicas psíquicas daquele círculo, analisando os papéis de cada membro, e pode ajudar na recuperação do usuário.

Embasamento científico – Entre 2010 e 2019, o número de pessoas que usam drogas aumentou 22%, em parte devido ao crescimento da população mundial. Com base apenas nas mudanças demográficas, as projeções atuais sugerem um aumento de 11% no número de pessoas que usam drogas globalmente até 2030 — e um aumento acentuado de 40% na África, devido ao seu rápido crescimento e população jovem. A heroína foi classificada como a segunda droga mais nociva considerando o dano que causa tanto aos consumidores como à sociedade. Segundo estimativas, o mercado de opiáceos ilegais, incluída a heroína, movimentou 68 bilhões de dólares no mundo inteiro em 2009.

Vício em redes sociais: já é hora de tratar como doença?

Afinal, a jornada da recuperação é longa e pode ser solitária em alguns momentos. A jornada da recuperação de um viciado é uma verdadeira batalha que ocorre dentro da mente. Para entender essa luta, é fundamental compreender a natureza do vício. O vício é uma doença complexa que afeta o cérebro, alterando a maneira como ele funciona e criando uma dependência física e psicológica. Sim, existe uma relação próxima entre transtornos mentais e vício. Muitas vezes, pessoas que sofrem com transtornos como ansiedade, depressão ou transtorno bipolar têm maior propensão a desenvolverem dependência química ou comportamental.

Na prática, o que vemos é aquele amigo que era tranquilo e, de repente, não consegue mais controlar o uso da droga. Afinal, a cocaína é tipo uma sequestradora que invade o sistema de recompensa cerebral e muda completamente as regras do jogo. Os casos de internação compulsória em uma clínica de recuperação são complexos e variados, envolvendo uma ampla gama de situações e considerações.

O vício em crack também pode afetar a autoestima e a autoimagem dos usuários, levando a sentimentos de inadequação, desvalorização e auto aversão. Esses sentimentos podem dificultar a busca de ajuda e a adesão ao tratamento, já que os usuários podem se sentir indignos ou incapazes de se recuperar do vício. Os usuários de crack muitas vezes experimentam uma obsessão intensa pela droga e uma compulsão irresistível para usá-la, mesmo quando sabem que isso causará danos à sua saúde e bem-estar. Eles podem passar a maior parte do tempo pensando em quando e como conseguirão sua próxima dose de crack, muitas vezes sacrificando relacionamentos, trabalho e outras responsabilidades para satisfazer seu desejo pela droga. Os resultados sugerem que os sistemas de controle nacionais e internacionais conseguiram limitar a disseminação de NSP em países de alta renda, onde, há uma década, surgiram as primeiras substâncias psicoativas.

O que o vício pode causar? Descubra os Impactos Surpreendentes!

É como se alguém tivesse alterado a configuração de fábrica do seu cérebro. Isso porque, pois é, o cérebro adolescente ainda tá em construção, passando por aquela famosa “poda neural” quando o cérebro se reorganiza e amadurece. Percebendo que a maioria dos ratos que foram colocados no Parque não se tornaram viciados, ou seja, preferiram tomar a água pura ao invés daquela “aditivada”, o professor encontrou o “x” da questão para apresentar uma nova abordagem sobre o vício. Basicamente, um lugar em que os ratos têm muitas coisas para se distrair, como rodas, bolas, mas principalmente, a companhia de outros ratos com os quais podiam interagir e até mesmo formar uma família. Para quem se identifica com o que foi mostrado no texto ou que conseguem identificar um amigo ou familiar nesse estado, busquem tratamento urgente.

Com isso, a pessoa aprende a lidar melhor com as tentações e a evitar recaídas. Um dos métodos principais é a reabilitação, que oferece programas completos. Se alguém precisa de mais droga para sentir o mesmo efeito, isso é sério. Não é só sobre drogas ilegais, mas também álcool e medicamentos.

O que eu aprendi estudando esse assunto é que faz toda diferença quando a pessoa começa a usar. Usar de vez em quando tratamento de dependentes químicos não costuma causar os mesmos danos que o uso frequente, mas cada cérebro reage diferente. Não é 100% garantido que tudo volta ao normal, mas com tratamento adequado, a melhora pode ser impressionante. Já vi muita gente recuperar boa parte das funções cognitivas e voltar a ter uma vida normal. Graças a ela, a recuperação é possível, mesmo depois de anos de uso. Uma pesquisa publicada em 2004 mostra que as drogas causam alterações que duram muito tempo nos circuitos cerebrais.