Na atual edição da Champions League, o gramado artificial foi alvo de reclamação. Pep Guardiola, técnico do Manchester City, criticou o uso do piso sintético no Estádio Wankdorf, em Berna, casa do Young Boys. Alvo de inúmeras discussões nas últimas semanas, os gramados sintéticos são um dos temas mais polêmicos do futebol na atualidade.
O incômodo é tanto, que há um movimento importante pedindo a eliminação total da grama sintética no campeonato de futebol americano. Tal debate ganhou ainda mais relevância após as condições ruins do campo no Super Bowl do ano passado em Glendale, Arizona. Isso ocorre como o ponto final de uma contrapartida, iniciada em 2019 e originada bem antes. Afinal de contas, a Holanda (ou Países Baixos, nomenclatura oficial) é um país de temperaturas baixas.
Uma das vozes contrárias ao campo artificial mais ativas é a do presidente do Fluminense, Mário Bittencourt. Ontem, em entrevista coletiva, ele argumentou que o uso deste tipo de campo é puramente financeiro. Ainda afirmou que a maioria dos clubes da Série A do futebol brasileiro está ao seu lado, mesmo sem expor publicamente. Joaquim Grava, histórico ortopedista do Corinthians, confirma que não há consenso entre os pares, mas admite reclamações.
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Ídolos locais como Dirk Kuyt e Ruud Gullit, no entanto, lideraram protestos que culminaram na proibição a partir de 2025. Os clubes grandes como Ajax, PSV e Feyenoord concordaram em colaborar com um fundo para ajudar os pequenos a grama sintética artificial manterem seus gramados. O entendimento geral é de que não há diferença na incidência de lesões entre os dois tipos de piso. No entanto, uma boa manutenção na grama sintética é necessária para garantir a segurança dos atletas.
Na base, pode haver aplicação de fibras de poliéster, que garantem resistência e durabilidade. Os defensores da grama sintética apontam para a opção ser mais adaptável e de fácil manutenção. Alguns clubes querem receber mais estudos sob impacto de lesão para nos próximos anos analisarem a questão de forma mais profunda. O assunto é mais um elemento na rivalidade entre Palmeiras e São Paulo.
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Campos de gramado artificial resistem melhor ao uso contínuo e às condições climáticas extremas, como chuvas intensas e temperaturas elevadas. Em locais onde o clima não é favorável para a manutenção de grama natural, como estádios em regiões com invernos rigorosos ou verões muito secos, o gramado sintético oferece uma alternativa viável. Além disso, ele se recupera mais rapidamente após eventos que desgastam o solo, como shows ou partidas consecutivas. “Não há mais dinheiro público para financiar estádios de futebol e a conta precisa fechar para os clubes.
Engenhoca semelhante já é usada pelo Schalke 04, da Alemanha, e uma ainda mais faraônica será instalada no remodelado Santiago Bernabéu para que o Real Madrid possa receber feiras e até partidas de basquete e futebol americano. O luxo é opcional, mas a presença de grama de verdade é mandatória. No Brasil, a maioria dos estádios tem gramado do tipo bermuda, com folhas mais estreitas, em tom de verde intenso e de rápida recuperação. Mas o palco favorito de nove entre dez boleiros é mesmo a Neo Química Arena, do Corinthians, a única a utilizar a tecnologia ryegrass, uma espécie de grama de inverno usada por gigantes europeus.
Não só a FIFA permite o uso de gramado sintético como estabelece uma série de regras e padrões para que um gramado artificial receba sua certificação de qualidade. As grandes ligas europeias proíbem o uso de sintéticos, ao menos em suas primeiras divisões. França e Portugal – que já interditou campos naturais impraticáveis, como o do Bessa, em Boavista – chegaram a testar o terreno, mas voltaram atrás diante da gritaria geral. Clubes pequenos justificavam a adoção dos campos de borracha por não terem condições financeiras de manter um bom gramado real em meio ao clima holandês.
Por conta disso, a recuperação no pós-jogo demanda mais tempo”, ressalta o médico. Em maio deste ano, após reclamações dos técnicos Rogério Ceni (então no São Paulo) e Renato Gaúcho (Grêmio), o Lance! Consultou especialistas para saber se o gramado sintético realmente agravava lesões. Enquanto no natural só podem acontecer de 3 a 4 jogos semanais, no sintético as partidas são liberadas todos os dias. A estimativa de vida útil para esse campo (se for cuidado de forma correta) é entre 5 a 10 anos.
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Apesar disso, o debate sobre a utilização dessas superfícies permanece acalorado entre jogadores, treinadores e torcedores. De acordo com um estudo da NFL, os jogadores têm até 69% mais chances de sofrer lesões em gramados artificiais. Em março, um estudo nos Estados Unidos relacionou seis mortes ao campo sintético do Philadelphia Phillies, da MLB. A Agência de Proteção Ambiental americana argumentou que o câncer no cérebro que levou à morte dos jogadores da equipe foi causado por compostos químicos presentes na grama sintética.
No entanto, se a medida for tomada, vai inviabilizar jogos das Eliminatórias da Copa no “templo do futebol”. A Fifa considera que 90% da grama deve ser natural, e hoje o Estádio Jornalista Mário Filho atende a exigência, mas a qualidade do gramado tem sido alvo de críticas. Do outro lado, um exemplo é Mario Bittencourt, presidente do Fluminense, que é crítico aos gramados sintéticos. Apontam-se prejuízos na performance esportiva e aumento de lesões. A CBF não considera as análises feitas até então como conclusivas e quer chegar a uma avaliação própria a partir de uma consultoria estrangeira e de uma Comissão de Médicos. O debate será levado também a representante dos clubes da séris B, C e D.
“O gramado é aprovado pela Fifa, o Atlético não vai se calar. Vamos buscar todos os argumentos para mostrar que não tem nenhuma vantagem técnica”, afirmou o dirigente. A ideia foi levantada pelo Vasco e aprovada pela maioria dos participantes do encontro. Na mesma reunião, ficou decidido que os clubes não poderão negociar mandos de campo para outras praças esportivas já no Brasileiro de 2017. Após debate entre os representantes, ficou definido que não há proibição.
Tanto a médio quanto longo prazo é possível perceber a diferença de custos. A grama sintética é baseada em uma mistura de grânulos de plástico (tendo também polietileno, polipropileno ou nylon como matéria-prima). Há ainda aditivos para proteção contra raios UV e agentes de coloração. Em 2016, o clube paranaense saltou de 63,9% de aproveitamento para 79,8% – crescimento equivalente a 25% nos pontos ganhos. Naquela temporada, a equipe garantiu inclusive a classificação para a Libertadores de 2017 e perdeu apenas duas partidas; em 2015, haviam sido quatro derrotas.